Uma inovação importante para o setor alimentício está ganhando destaque no Brasil: começaram a ser realizados os primeiros testes com frutos de alfarrobeira (Ceratonia siliqua), árvore até então inexistente no país. A planta é típica da região do Mediterrâneo – muito disseminada na Europa e na África – e produz um tipo de vagem que mede de dez a 25 centímetros e que pode substituir o chocolate. Seu uso favorece dietas de baixas calorias e é indicado para quem possui sensibilidade ou alergia alimentar, além de ser um alimento rico em fibras.
A novidade faz parte de uma parceria desenvolvida entre pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, do Grupo de Estudo e Pesquisa em Estaquia (Gepe) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a empresa curitibana Carob House, chefiada por Eloísa Helena Orlandi, que também atua como presidente do Sincabima (Sindicato das Indústrias de Cacau, Balas, Massas e Conservas do Paraná).
De acordo com Eloísa Helena Orlandi, a Carob House foi a empresa que trouxe a alfarroba para o Brasil. “Estamos orgulhosos em trazer qualidade e saúde para todos os consumidores de nossos produtos, mas também contribuímos para que estudos de proporção tão relevante possa ser feito em benefício da população”, salienta.
Importação de mudas de alfarrobeira da Europa
O processo de introdução da espécie, de forma pioneira ao Brasil, passou por uma série de protocolos. O procedimento é complexo, tendo em vista que é preciso precaução para evitar a contaminação e a introdução de novas pragas e patógenos em território nacional. Algo semelhante já ocorreu com outras espécies exóticas, a exemplo do kiwi, da macadâmia e do eucalipto, também importados e hoje já cultivados nacionalmente.
As mudas vieram de Portugal, um dos maiores produtores mundiais, e estão sendo cultivadas em uma área ao ar livre do Laboratório de Macropropagação Vegetal (LMV) do Departamento de Botânica da UFPR, em Curitiba (PR). Já foram produzidas pouco mais de 1,6 mil mudas, a maior parte delas usadas em análises bioquímicas, sob supervisão da professora Katia Christina Zuffellato Ribas e seu orientando de doutorado, Leandro Porto Latoh.
Impacto econômico e nutricional da alfarroba
O maior objetivo da pesquisa subsidiada pela Carob House em parceria com a UFPR é a criação de um protocolo padrão para o desenvolvimento da planta, permitindo que futuros produtores possam usufruir dessa cultura, possibilitando, a longo prazo, a produção de farinha de alfarroba nacional a um menor custo.
Além de impactar significativamente na redução dos preços de produção de alimentos, o uso da alfarroba poderá trazer, como consequência, geração de empregos e de renda. Outro ganho significativo estaria na possibilidade de proporcionar uma alimentação funcional aos brasileiros, com um preço final mais acessível em produtos comercializados nas prateleiras.
Já o impacto nutricional da alfarroba é surpreendente: por ter índice glicêmico baixo, pode ser ingerido por diabéticos ou quem está em dieta para controle de peso. Também em receitas doces específicas, é um ingrediente apto para ser consumido por celíacos e intolerantes à lactose. Além disso, é um alimento rico em minerais como potássio, cálcio, fósforo e magnésio e seus compostos fenólicos apresentam atividade antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica, com comprovados efeitos preventivos contra o câncer gastrointestinal.
Toda a linha de produtos Carob House contém alimentos ricos em fibras, nacionalmente reconhecidos como opção de alimentação mais saudável para indivíduos com sensibilidade ou alergia alimentar ao cacau. Seus produtos podem ser consumidos por todos os tipos de pessoas, sem restrição de dieta, idade ou alergias, sendo a alfarroba um alimento muito saboroso, com gosto peculiar – e que deve revolucionar a indústria alimentícia brasileira a partir da novidade desta sua introdução no mercado nacional.